Terminou, no último dia 2 de maio de 2025, em Ribeirão Preto, a 30ª edição da Agrishow, considerada a maior feira internacional de tecnologia agrícola da América Latina.
Iniciada em 1994 e realizada anualmente na estação experimental do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Agrishow teve uma evolução impressionante ao longo de mais de 30 anos de existência. Isso pode ser facilmente comprovado pelos números significativos de 2025:
- Área de exposição: aproximadamente 520 mil metros quadrados (52 hectares), o equivalente a cerca de 73 campos de futebol profissional — maior, inclusive, que o território do Vaticano;
- Vagas de estacionamento: 4.500;
- Público visitante: recorde de 197 mil pessoas em cinco dias, com ingressos esgotados em diversos dias. Segundo o Censo do IBGE de 2022, apenas 2,8% dos municípios brasileiros possuem população superior a esse número;
- Intenção de negócios: R$ 14,6 bilhões — 7% acima do resultado de 2024 — valor comparável ao orçamento anual de capitais como Curitiba (1,8 milhão de habitantes) ou Fortaleza (2,5 milhões);
- Marcas expositoras: 800, mais que a quantidade de lojas do maior shopping center do Brasil e um dos maiores da América Latina.
Sem dúvida, trata-se de uma feira de grande porte, com características muito particulares e interessantes, tanto para os profissionais do setor agropecuário quanto para o público geral.
Para os produtores rurais, a Agrishow representa uma grande oportunidade para conhecer, na prática (in loco e em operação), as novas tecnologias disponíveis para adoção imediata, além de se atualizarem sobre inovações que, em breve, também estarão acessíveis no campo.
Nesta edição, observou-se uma enorme diversidade de empresas, tecnologias e soluções. As máquinas agrícolas continuam sendo o grande destaque visual do evento, chamando a atenção pelo tamanho, complexidade e inovação. Tratores, colhedeiras, semeadoras e implementos de diversos tipos e dimensões estavam presentes nos estandes de diversos fabricantes. As máquinas de maior porte, em especial, atraíram os olhares dos visitantes mais generalistas, que comparecem por interesse ou curiosidade, sem intenção direta de compra.
No aspecto tecnológico, destaca-se o uso crescente de inteligência artificial nas grandes máquinas, aumentando sua eficiência e reduzindo impactos ambientais. Há equipamentos capazes de captar imagens digitais da lavoura, analisá-las em tempo real e aplicar produtos químicos de forma precisa e localizada, evitando desperdícios e contaminações. Embora ainda de custo elevado, voltados principalmente a grandes produtores, essas máquinas também impressionam pelo design moderno e pelo conforto oferecido aos operadores — uma preocupação que nem sempre esteve presente no passado.
A negociação de tais equipamentos envolve cifras expressivas, mas as empresas estavam claramente preparadas. A presença de muitos vendedores e a infraestrutura dos estandes, com salas adequadas para reuniões de negócios, evidenciam isso. Além disso, bancos públicos e privados, bem como cooperativas de crédito, também estavam presentes com estrutura completa para viabilizar financiamentos.
Outro grande destaque foram os drones. Em espaços devidamente preparados, os visitantes podiam assistir a demonstrações tecnológicas desses equipamentos. Os modelos com tanques para aplicação aérea de líquidos chamaram bastante atenção, oferecendo soluções que reduzem a exposição de trabalhadores a produtos químicos, entre outros benefícios.
Além das máquinas prontas para uso direto no campo — como tratores, implementos e drones, mencionados acima —, havia também muitos estandes de empresas fornecedoras de componentes: mangueiras, embalagens agrícolas, motores, parafusos, entre outros. Essas empresas estavam agrupadas em uma área específica, o que facilitava a visitação e destacava sua importância.
As tecnologias da informação também marcaram presença significativa. Muitas empresas ofereceram soluções de monitoramento remoto, permitindo aos produtores acompanharem, em tempo real, as operações nas suas propriedades, mesmo em áreas de difícil conectividade. Ferramentas de previsão e mapeamento da produtividade agrícola, com base em dados meteorológicos e imagens de satélites ou drones, também foram amplamente apresentadas.
Instituições públicas de pesquisa e assistência técnica tiveram papel de destaque. O IAC, a CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) e a EMBRAPA apresentaram tecnologias desenvolvidas ou em desenvolvimento, fundamentais para o avanço do agronegócio nacional. A CATI, por exemplo, mostrou a produção de cacau no estado de São Paulo, culminando na fabricação de chocolate. O IAC apresentou novas variedades de cana-de-açúcar adaptadas a diferentes condições ambientais e finalidades. A EMBRAPA, por sua vez, expôs várias tecnologias já prontas para aplicação no campo.
A agricultura familiar também teve seu espaço reservado, com produtores paulistas expondo, promovendo e vendendo seus produtos — queijos, salames, mel, café e aguardente, muitos deles premiados no Brasil e no exterior. A paixão com que esses produtores divulgavam seus trabalhos reforça a importância de programas de incentivo à agricultura de pequeno porte.
Apesar do número expressivo de visitantes, a feira mostrou-se bem-organizada e sinalizada, com espaços amplos e ótima infraestrutura, o que permitiu uma experiência agradável. O público era bastante diversificado: além dos produtores — principal alvo das empresas expositoras —, havia muitos estudantes, geralmente identificados por camisetas e bonés de suas instituições, além de visitantes em busca de lazer ou cultura. O número de estrangeiros também chamou atenção, indicado em um mapa-múndi no local e perceptível pelo idioma e aparência física. A Itália, por exemplo, estava presente com um grande estande na entrada da feira, celebrando sua participação contínua há 20 anos.
A imprensa também marcou presença, com estúdios próprios e entrevistas com produtores e visitantes. Além disso, palestras com especialistas do setor foram realizadas e divulgadas pelo sistema de som da feira, que também informava sobre a previsão do tempo.
Em resumo, a visita à Agrishow é uma experiência quase obrigatório para profissionais do agronegócio, mas altamente recomendável para o público geral, que pode conhecer de perto a sofisticação tecnológica envolvida na produção de alimentos, fibras, insumos, combustíveis e outros recursos essenciais do nosso cotidiano.